Ainda hoje não sei o que se passou, não sei qual a intenção dele ao tentar fazer-me isso, violar-me talvez... Mas estragou-me a infância, arrisco-me a dizer que me estragou a vida. Vivo atormentada, constantemente à espera que ele me apareça à frente, com o intuito de terminar aquilo que começou. E dói querer sair à noite e não conseguir, ou tentar andar confiante pela rua, quando estou sozinha, mas nunca me ser possível. Eu tenho medo. E o meu coração começa a bater acelerado e eu começo a sentir-me quente, e depois fria. O mesmo acontece, todos os dias, à noite. Porque eu tenho medo do escuro. Imagino-o sempre nas sombras que o luar transporta. Imagino-o a agarrar-me e a forçar-me a fazer alguma coisa que eu não queira. Agora não tanto. Os dias têm estado serenos e calmos, eu ando mais ocupada com outras coisas e isto não acontece tão frequentemente. Mas dói saber que agora não posso fazer nada para me livrar desta corda que me aperta o coração e me impede de respirar, sou obrigada a viver com ela.

Filipa.

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